O PARADOXO CONTEMPORÂNEO QUE ARTICULA VERDADE E AUTOFICÇÃO NO TESTEMUNHO

Valéria Ignácio

Resumo


A produção teórica crescente sobre a autoficção nas últimas décadas ainda deixa lacunas quanto às relações do fenômeno com os relatos de teor testemunhal. Este artigo tem como objetivo problematizar as escritas da memória e da experiência traumática, quando amparadas em um contrato de ambiguidade, e interrogar em que medida a autoficção compromete a legitimidade do testemunho. Para isso, toma-se a novela Os visitantes (2016), do escritor Bernardo Kucinski, ambientada na ditadura civil-militar brasileira. Infere-se que a paradoxal presença do referencial histórico e de estratégias autoficcionais na operação narrativa concorre para potencializar a verdade testemunhal e a produção de sentidos em relação à experiência de violência e à história oficial.

Palavras-chave: Autoficção. Testemunho. Ditadura. Bernardo Kucinski.

 


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DOI: 10.5935/1679-5520.20180010


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