O EU É OUTRO: PRIMEIRA E TERCEIRA PESSOA NA AUTOFICÇÃO

Marina Stuchi, Ricardo Augusto de Lima

Resumo


É notável hoje a presença de textos autoficcionais na literatura contemporânea. Após o surgimento do conceito em 1977, o termo passou por uma validação teórica movida de aceitações e recusas, mas que não negava ser uma prática frequente e típica da contemporaneidade. Um novo movimento, consequência do choque triplo entre teoria, crítica e prática literária, gera hoje exemplos de extrapolação dos limites previamente definidos para o gênero supostamente estável. É sobre esse movimento que aqui nos debruçamos, com o intuito de evidenciar como a autoficção encontra diferentes formas e modos narrativos, não mais presos aos primeiros traços que a caracterizavam, ou buscavam fazê-lo.

Palavras-chave: Autoficção. Teoria literária. Literatura contemporânea. Primeira pessoa. Terceira pessoa.

 


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DOI: 10.5935/1679-5520.20180001


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