REPRESENTAÇÕES FEMININAS EM CONTOS POPULARES DA TRADIÇÃO ORAL DA BAHIA: UMA ANÁLISE DISCURSIVA

Hildete Leal dos Santos, Adelino Pereira dos Santos

Resumo


Neste artigo temos por objetivo analisar contos populares, na perspectiva da Análise de Discurso de linha francesa, para discutirmos representações femininas e verificarmos em que medida os discursos sobre a mulher que são constituintes da matriz de Perrault se mantêm ou se transformam em narrativas orais catalogadas no território do estado da Bahia. Nessas narrativas fantásticas, a magia e o sobrenatural estão sempre relacionados à figura feminina, seja porque as mulheres conseguem realizações extraordinárias com o auxílio de um ajudante mágico, seja porque essa ajuda mágica vem através das fadas, Nossa Senhora ou um elemento feminino da natureza. As representações femininas demonstram a presença de mentalidades, costumes e ideias que fazem dos contos de tradição oral um campo expressivo para a memória viva e a identidade das comunidades onde são (re)produzidos.

Palavras-chave: Representações femininas.  Tradição oral.  Contos populares.

 


Referências


ABRAMOWICZ, A. Histórias e contos de mulheres.1997. 119 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.

ALVES, I. Interfaces: ensaios críticos sobre escritoras. Ilhéus: Editus, 2005.

BAKHTIN, Mikail. A cultura popular na idade média e no renascimento: o contexto de François Rabelais. 4. ed. São Paulo, Brasília: Hucitec, 1999.

BARTHES, R. Análise estrutural da narrativa. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1966.

BETTELHEIM, B. A psicanálise dos Contos de Fadas. Trad. Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

BRANDÃO, H. H. N. Introdução à analise do discurso. 7. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2004.

CALVINO, I. Contos fantásticos do século XIX: o fantástico visionário e o fantástico cotidiano. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

CASCUDO, L. C. Contos tradicionais do Brasil. 20. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

COSTA, E. S. Cinderela nos entrelaces da tradição. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia, EGBA,1998.

DARNTON, R. O grande massacre de gatos e outros episódios da história cultural francesa. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

FERREIRA, J. P. Armadilhas da memória (conto e poesia popular). Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 1991.

FIORIN, J. L. Teoria e metodologia nos estudos discursivos de tradição francesa. In: SILVA, D. E. G. da; VIEIRA, J. A. (Orgs). Análise do discurso: percursos teóricos e metodológicos. Brasília: UnB/Plano, 2002.

FROMM, E. A linguagem esquecida: uma introdução do entendimento dos sonhos, contos de fadas e mitos. 7. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.

GUIMARÃES, M. F. O Conto popular. In: BRANDÃO, H. N. (Coord.). Gênero do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político, divulgação cientifica. São Paulo: Cortez, 2000.

HOBSBAWM, E. A invenção das tradições. Trad. Celina Cavalcante. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. Trad. Maria Lúcia Pinheiro. 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

MENDES, M. B. T. Em busca dos contos perdidos: o significado das funções femininas nos contos de Perrault. São Paulo: Unesp, 2001.

MURARO, Rose Marie. A mulher no 3º milênio: uma história da mulher através dos tempos e suas perspectivas para o futuro. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2002.

ORLANDI, E. P. Análise do discurso: princípios e procedimentos. 3. ed. Campinas: Pontes, 2001.

______. (Org.) A leitura e os leitores. 2. ed. Campinas: Pontes, 2003.

PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni P. Orlandi et al. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.

PERROT, M. Os excluídos: operários, mulheres e prisioneiros. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

PROPP, V. Morfologia do conto maravilhoso. Rio de Janeiro: Forense, 1984.

RODRIGUES, R. N. Os africanos no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976, p. 153-169.

ROSALDO, M. Z; LAMPHERE, L. (Orgs). A mulher, a cultura e a sociedade.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

SANTOS, H. L. dos. De conto em conto, de ponto em ponto tecendo a representação feminina. 2007. 104f. Dissertação (Mestrado em Cultura, Memória e Desenvolvimento Regional)– Departamento de Ciências Humanas, Universidade do Estado da Bahia, Santo Antônio de Jesus, 2007.

SHAKESPEARE, William. Macbeth. 2. ed. São Paulo: Melhoramentos, s/d.

SILVA, A. C. A discriminação do negro no livro didático. 2. ed. Salvador: EDUFBA, 2004.

DOI: 10.5935/1679-5520.20170007


Texto completo: PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .