AS CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS DO TRABALHO DO IMIGRANTE EM AMAR, VERBO INTRANSITIVO, UM IDÍLIO, DE MÁRIO DE ANDRADE

Angela Maria Rubel Fanini

Resumo


Este artigo analisa as construções discursivas do universo do trabalho do imigrante, em Amar, verbo intransitivo de Mario de Andrade. A abordagem se vale das reflexões de Marx (1986), Engels (1990), Lukács (1980) e de Candido (1981, 1985), Bosi (1992) e Bakhtin/Voloshinov (1986)  na linha sociológico-literária, procurando ver como o discurso literário andradiano constrói uma certa identidade para o trabalhador estrangeiro no Brasil. Focalizando-se, mormente, Elza, a personagem governanta alemã, percebeu-se que há mudanças significativas na recriação do universo laboral brasileiro do início do século XX, do trabalhador formalmente livre, sendo o trabalho fonte de status e sociabilidade, revelando relações mercantis e impessoais, dentro de chave liberal-burguesa, sendo também metáfora para as novas configurações laborais e de identidade nacional no período da Primeira República.

Palavras-chave: Literatura brasileira. Universo do trabalho. Análise dialógica do discurso. Mario de Andrade.

 

DOI: 10.5935/1679-5520.20190009


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DOI: 10.5935/1679-5520.20190009


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