“ERA UMA VEZ” ÀS AVESSAS: A CONSTITUIÇÃO PARÓDICA DO POEMA “A CHAPÉU”, DE HILDA HILST

Rosana Letícia Pugina

Resumo


Segundo Bakhtin (1997), por se edificar na oposição de ideias quanto a um texto-base, a paródia cria o seu “duplo destronante”, dando gênese a um “mundo às avessas”. Quanto ao corpus, o poema “A Chapéu” (HILST, 2018d) foi selecionado porque parodia A Chapeuzinho Vermelho (PERRAULT, 1987). Como tema, propõe-se uma leitura do poema, objetivando-se fazer uma análise da sua constituição paródica. Acerca do arcabouço, utilizaremos Bakhtin (1997; 2010), Bettelheim (2002), D’Onofrio (2007), Blumberg (2015) e Moraes (2015). Sobre a abordagem, é exploratória, qualitativa e de cunho bibliográfico. Espera-se verificar que “A Chapéu” (2018), ao parodiar A Chapeuzinho Vermelho (1987), projeta-se como uma encarnação ao avesso dos contos de fadas, zombando dos papéis de gênero.


Referências


ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. São Paulo: Companhia da Editora Nacional, 2008.

ALMEIDA, H. de. Dicionário erótico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpica, 1980.

ALVES, R. Caindo na real: Cinderela e Chapeuzinho Vermelho para o tempo atual. Campinas: Papirus, 2004.

ARARIPE, M. Linguagem sobre sexo no Brasil. Rio de Janeiro: Lucerna,1999.

AZEVEDO FILHO, D. S. de. Holocausto das fadas: a trilogia obscena e o carmelo bufólico de Hilda Hilst. Dissertação (Mestrado em Teoria Literária), Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, p. 58, 1996.

BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoiévski. Tradução de Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.

BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. 7. ed. Tradução de Iara Frateschi Vieira. São Paulo: HUCITEC, 2010.

BEAUVOIR, S. de. O segundo sexo – a experiência vivia. Tradução de Sérgio Milliet. São Paulo: Difel, 1967.

BEIGEL, H. Dicionário de sexologia. Tradução de Alice Nicolau. Lisboa: Círculo de leitores, 1982.

BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. 16. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

BLUMBERG, M. Sexualidade e riso: a trilogia obscena de Hilda Hilst. In: REGUERA, N. M. de A.; BUSATO, S. (Orgs.). Em torno de Hilda Hilst. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2015. p. 121-137.

D’ONOFRIO, S. Forma e sentido do texto literário. São Paulo: Ática, 2007.

FERRETTI, L. C. C. “Castigat ridendo mores”: o humor costumbrista nas páginas do periódico A encrenca (1914-1915), de Caxias do Sul. Dissertação (Mestrado em Letras, Cultura e Regionalidade), Faculdade de Letras, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, p. 36, 2019.

FOSTER, B.; FOSTER, M.; HADADY, L. Amor a três: dos tempos antigos aos dias de hoje. Tradução de Magda Lopes. Rio de Janeiro: Record, 1998.

HILST, H. Amavisse: amavisse, via espessa, via vazia. São Paulo: Massao Ohno Editor, 1989.

HILST, H. Contos d’escárnio. Textos grotescos. São Paulo: Globo, 2002a.

HILST, H. Cartas de um sedutor. São Paulo: Globo, 2002b.

HILST, H. Bestera. In: HILST, H. Cartas de um sedutor. São Paulo: Globo, 2002c. p. 100-107.

HILST, H. Pornô Chic. São Paulo: Globo, 2018a.

HILST, H. O caderno rosa de Lori Lamby. In: HILST, H. Pornô Chic. São Paulo: Globo, 2018b. p. 8-59.

HILST, H. Bufólicas. In: HILST, H. Pornô Chic. São Paulo: Globo, 2018c. p. 219-237

HILST, H. A Chapéu. In: HILST, H. Pornô Chic. São Paulo: Globo, 2018d. p. 228-229.

HILST, H. Berta & Isabô: um fragmento pornogeriátrico rural. In: H, Hilda. Pornô Chic. São Paulo: Globo, 2018e. p. 239-240.

HOLANDA, C. B. de. Chapeuzinho Amarelo. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.

HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Elaborado pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

KNOLL, L.; JAECKEL, G. Léxico do erótico. Sem tradução. Lisboa: Círculo de leitores, 1976.

MORAES, E. R. Aquelas coisas e um pouco mais: a erótica senil. In: REGUERA, N. M. de A.; BUSATO, S. (Orgs.). Em torno de Hilda Hilst. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2015. p. 115-119.

PATI, C. História ou estória, qual é o certo?. Revista Exame, 6 dez. 2013. Disponível em: https://exame.com/carreira/historia-ou-estoria-qual-e-o-certo/. Acesso em: 19 mar. 2021.

PÉCORA, A. Hilda Hilst: call for papers. Germina Literatura, ago. 2005. Disponível em: https://www.germinaliteratura.com.br/literatura_ago2005_pecora.htm. Acesso em: 26 mar. 2021.

PERRAULT, C. A Chapeuzinho Vermelho. Tradução de Francisco Balthar Peixoto. Porto Alegre: Kuarup, 1987. (Coleção Era uma vez, 3).

PRATA, M. Chapeuzinho Vermelho de raiva. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1970.

PRETI, D. A linguagem proibida: um estudo sobre a linguagem erótica. São Paulo: T. A. Queiroz, 1983.

ROBLES, M. Fadas e bruxas. In: ROBLES, M. Mulheres, mitos e musas. Tradução de William Lagos e Débora Dutra Vieira. 3. ed. São Paulo: Aleph, 2019, p. 227-234.

ROSA, J. G. Fita Verde no cabelo. Velha nova estória. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.

SOARES, A. Gêneros literários. 2. ed. São Paulo: Ática, 1993. (Série Princípios, 166).

SODRÉ, P. R. Hilda Hilst e as bufólicas. Revista Letras, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, n. 78, p. 47-58, maio/ago. 2009.

VALENSIN, G. Dicionário sexual. Tradução de J. L. César. São Paulo: IBRASA, 1976.

WERNECK, H. Hilda se despede da seriedade. In: HILST, H. Pornô Chic. São Paulo: Globo, 2018. p. 244-250.


Texto completo: PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .