QUESTÕES SOBRE O PERSONAGEM-ESCRITOR, A TRADIÇÃO ORAL E A TRADIÇÃO ESCRITA EM O FANTÁSTICO MISTÉRIO DE FEIURINHA, DE PEDRO BANDEIRA

Vanessa Gomes Franca, Flávio Pereira Camargo

Resumo


Dentre os textos da literatura infantil e juvenil brasileira que utilizam recursos metaficcionais, levando o leitor a descobrir, a (re)construir e a desconstruir significados, a preencher lacunas e a perceber comentários críticos, a partir do desnudamento de aspectos que compõem o texto literário, destacamos O fantástico mistério de Feiurinha (1986), de Pedro Bandeira. Neste livro, o autor retoma alguns dos contos de fadas mais conhecidos e, por meio deles, num exercício metaficcional que exibe uma autoconsciência dos procedimentos da criação literária, comenta a própria literatura, evidenciando sua constituição diacrônica desde a tradição oral (contador, história e ouvinte) até à tradição escrita (escritor, livro e leitor). Ante o exposto, objetivamos analisar a referida obra, tencionando salientar como a narrativa em questão estabelece o jogo metaficcional, desvelando o seu status de artefato.

Palavras-chave: Metaficção. Personagem-escritor. Literatura infantil e juvenil brasileira. O fantástico mistério de Feiurinha. Pedro Bandeira.



Referências


BANDEIRA, Pedro. O fantástico mistério de Feiurinha. 3. ed. São Paulo:Moderna, 2009.

BERNARDO, Gustavo. O livro da metaficção. Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010.

CAGNETI, Sueli de Sousa. Leituras em contraponto: novos jeitos de ler. São Paulo: Paulinas, 2013.

CAMARGO, Flávio Pereira. Nas trilhas da poética de Osman Lins: um estudo sobre a metaficcionalidade. Goiânia: Ed. da UCG, 2009.

______. A dicção ensaístico-ficcional do personagem-escritor na narrativa brasileira contemporânea. 2012. 194 f. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal Goiás, Goiânia, 2012.

CAMPOS, Carla de Lima e Souza. Contação de histórias - dos contos de fadas ao Storytelling: pegadas reflexivas da arte milenar que causa encantamento em diferentes ambientes. 2015. 76 f. Monografia (Graduação em Letras) – Curso de Letras, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus de Pires do Rio, Pires do Rio, 2015.

______; FRANCA, Vanessa Gomes. Literatura animada: a contação de histórias por meio de animações audiovisuais. Mediação, Pires do Rio-GO, v. 12, n. 1, p. 49-70, jan./dez. 2017. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2017.

CARVALHAL, Tania Franco. Literatura comparada. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ática, 2006.

CARVALHO, Elenir; SOUZA, Edilson Alves de; FRANCA, Vanessa Gomes. A imagem feminina nas Cantigas de Santa Maria, de D. Afonso X, e nos contos “Com sua voz de mulher” e “A moça tecelã”, de Marina Colasanti. 2018. p. 1-16. (Artigo no prelo).

CAVALCANTI, Joana. Caminhos da literatura infantil e juvenil: dinâmicas e vivências na ação pedagógica. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.

______. Dicionário crítico de literatura infantil/juvenil brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006.

COLASANTI, Marina. E as fadas foram parar no quarto das crianças. In: ______. Fragatas para terras distantes. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 221-241.

______. Mais de 100 histórias maravilhosas. São Paulo: Global, 2015.

COLOMER, Teresa. Introdução à literatura infantil e juvenil atual. Tradução de Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2017.

CRUZ, Vanessa Rita de Jesus; CAMARGO, Flávio Pereira. Literatura infanto-juvenil e homoafetividade em É proibido miar de Pedro Bandeira. Lingüística y literatura, Medellín, ano 35, n. 66, p. 189-205, 2014. Disponível: . Acesso em: 10 out. 2017.

DÄLLENBACH, Lucien. Le récit spéculaire: essai sur la mise en abyme, Paris: Seuil, 1977. (Poétique).

FARIA, Zênia de. Sobre a metaficção e outras estratégias narrativas em A rainha dos cárceres da Grécia. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC, 11, 2008, São Paulo (Anais). São Paulo: USP, 2008. p. 1-8.

FARIAS, Carlos Aldemir. Contar histórias é alimentar a humanidade da humanidade. In: PRIETO, Benita (Org.). Contação de histórias: um exercício para muitas vozes. Rio de Janeiro: 2011. p. 18-22.

FRANCA, Vanessa Gomes; SOUZA, Edilson Alves de; DIAS, Luciana Santos Barbosa; FARIAS, Vanderléia dos Santos. A literatura infantil e juvenil brasileira: um estudo dos contos de fadas de Marina Colasanti. In: CAMARGO, Flávio Pereira; FRANCA, Vanessa Gomes (org.). Estudos sobre literatura e linguística: pesquisa e ensino. São Carlos: Claraluz, 2009. p. 75-104.

FRANCA, Vanessa Gomes; SOUZA, Edilson Alves de; CAMARGO, Flávio Pereira. A presença de narrativas metaficcionais na literatura infantil e juvenil brasileira: um estudo das obras O problema do Clóvis, de Eva Furnari, e Um homem no sótão, de Ricardo Azevedo. In: CAMARGO, Flávio Pereira; CARDOSO, João Batista. Narrativa brasileira contemporânea: ensaios críticos. São Paulo: Fonte Editorial, 2016. p. 81-115.

HUTCHEON, Linda. Narcissistic narrative: the metafictional paradox. London/New York: Methuen, 1984.

______. Uma teoria da paródia. Tradução de Teresa Louro Pérez. Lisboa: Edições 70, 1985.

KHÉDE, Sonia Salomão. Personagens da literatura infanto-juvenil. 2. ed. São Paulo: Ática, 1990.

LAJOLO, Marisa. O que é literatura? São Paulo: Brasiliense, 1996.

______; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: história & histórias. São Paulo: Ática, 2007.

LEFEVERE, André. Why waste our time on rewrites? The trouble with interpretation and the role of rewriting in an alternative paradigm. In: HERMANS, Theo (org.). The manipulation of literature. London: Crow Helm, 1985. p. 215-243.

LEPALUDIER, Laurent. Fonctionnement de la métatextualité: procédés métatextuels et processus cognitifs. In: MÉTATEXTUALITÉ ET MÉTAFICTION. Théorie et analyses. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2002, p. 25-38.

MORIKI, Renata Helena Silva; FRANCA, Vanessa Gomes. Mukashi, Mukashi: o Kamishibai e a formação de leitores. Cerrados, Brasília, v. 25, n. 44, p. 173-191, 2017. Disponível em: . Acesso em: 20 dez. 2017.

PROPP, Vladimir I. Morfologia do conto maravilhoso. Rio de Janeiro: CopyMarket.com, 2001.

PULLMAN, Philip. Contos de Grimm para todas as idades. Tradução de José Ruben Siqueira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.

SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é Pós-Moderno? 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2004. (Primeiros Passos, 165).

SILVA, Vera Maria Tietzmann. Dos Grimm às telas do cinema. TURCHI, Maria Zaira; SILVA, Vera Maria Tietzmann (Org.). Leitor formado, leitor em formação: leitura literária em questão. São Paulo: Cultura Acadêmica; Assis, SP: ANEP, 2006.

SOUZA, Edilson Alves de. (Re)atualização mitológica em “Com sua voz de mulher”, de Marina Colasanti. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL, 4, 2015, Presidente Prudente. Anais... Presidente Prudente: UNESP, 2015. p. 3303-3314. Disponível em . Disponível em: Acesso em: 10 jan. 2016.

ZILBERMAN, Regina. Como e porque ler a literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.

DOI: 10.5935/1679-5520.20180027


Texto completo: PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .