DA TRADIÇÃO ORAL ÀS MEMÓRIAS: A ESCRITA LITERÁRIA DE HELENA MORLEY

Maria Alice Ribeiro Gabriel, Luciane A. Santos

Resumo


Alice Dayrell Caldeira Brant (1890-1970) escreveu suas memórias na forma de diário, adotando o pseudônimo de “Helena Morley”. Minha vida de menina (1942) conta a vida de pessoas reais, mas a narrativa dos fatos e impressões da vida diária é ficcionalizada em muitos aspectos. Este artigo examina como alguns relatos do diário de Morley são reportados através de características estilísticas e temas da tradição oral. O propósito é expor a relação entre a escrita literária de Morley e temas como memória, história, tradição e identidade. O objetivo é mostrar que tal relação envolve um processo de ficcionalização, considerando-se estudos sobre o diário e o gênero memórias, realizados por Antonio Candido (1989), Castelo-Branco Chaves (1978), Leonor Arfuch (2010) e Philippe Lejeune (1973; 2009). A análise sugere que, em momentos precisos, a perspectiva de Morley ao contar histórias do passado levaria à ficcionalização da realidade.

Palavras-chave: Helena Morley. Memórias. Narrativa tradicional.



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DOI: 10.5935/1679-5520.20180037


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