MULHERES DE ABRIL HOJE

Maria Perla Araújo Morais, Frederico José Andries Lopes

Resumo


Associar revolução à transformação parece ser uma tarefa ordinária para o senso comum. Por estar mais centrado nas ideias do que nas configurações materiais do poder, esse pensamento não leva em conta o índice de permanência que resiste mesmo após processos revolucionários. No livro de poesias Mulheres de abril (1977), Maria Teresa Horta nos deixa frente a questões sobre o sujeito feminino antes e após a Revolução dos Cravos. Os poemas discutem o lugar da mulher dentro de práticas sociais e políticas de controle do corpo e do imaginário. Eles se opõem à construção de um corpo feminino sexuado voltado para o masculino e denunciam as práticas de violência contra a mulher dentro da política salazarista e diante de uma sociedade liberal e capitalista. As demandas de Mulheres de Abril ainda são atuais, questionando o próprio sentido de revolução e apontando para a permanência do debate que as sociedades democráticas devem estabelecer, sobretudo em relação ao sujeito feminino.

Palavras-chave: Maria Teresa Horta. Revolução dos Cravos. Feminino. Excesso.

 



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DOI: 10.5935/1679-5520.20180038


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